O Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, fez a sua campanha com uma base bem clara do que ele queria e como que ele iria traçar o seu governo nos próximos quatro anos. Isso fez com que ele realmente disparasse a frente nas pesquisas e confirmando sua vitória.
Existe no mundo, principalmente nos Estados Unidos, um movimento mais protecionista de suas economias e questões de migração. Então essas questões vão ser vistas em muitos países pela eleição do Trump.
Ele foca nos imigrantes, buscando fortalecer a economia local, trazendo com isso, muito protecionismo, ou seja, protegendo a economia nacional e taxando a economia externa, principalmente dos seus parceiros. De certa forma afeta toda a economia global até mesmo a americana.
Então depois das vitórias dele nas urnas, vitórias porque ele não venceu apenas no executivo, também conseguiu uma base muito forte dentro do que é o Senado americano. Consequentemente as propostas e ideias de todo o legislativo está em linha com o executivo, que tem uma base muito grande para que as propostas sejam aprovadas, de ambos os lados. Por este motivo está sendo tomada medidas de caixa desde o primeiro dia, onde diversos decretos presidenciais, entre eles as taxações que a gente está vendo aí.
Então ele observou quem são os seus principais parceiros hoje, quem mais vende para o pais. E percebeu que os Estados Unidos tem um déficit muito grande com o Canadá e com o México, que são os dois grandes parceiros comerciais dele, no qual ele compra mais desses países e vende bem menos , assim como acontece com a China. Então qual foi o primeiro foco dele? Pegar esses três países no qual ele é muito deficitário, ou seja, ele compra muito mais e vende muito menos e taxar esses produtos na entrada.
O que ele quer com isso? Primeiro, que vai ter mais retorno de tributos no primeiro momento, porque esses produtos ao entrar vai pagar mais impostos e vai ter mais dinheiro entrando para os cofres públicos. No segundo momento ele tenta fortalecer a economia local, porque se está mais caro comprar da China, do Canadá ou do México, será que é mais barato eu fazer aqui, para eu atender o consumo interno? Algumas vezes sim, outras vezes não. E outras vezes é mais vantajoso comprar mais caro para vender internamente.
E nessas duas situações do não, quem mais sai prejudicado é a própria economia, porque se o produto antes custava 10 e agora custa 11 porque aumentou 10% de imposto, quem vai pagar esse valor é a população. Então, bem de curto prazo, de curto a médio prazo, a economia americana deve ter muita dificuldade em manter a inflação sob controle, uma vez que naturalmente os preços da importação se tornarão mais caros. Então os produtos ficam mais caros, consequentemente a inflação fica mais cara, então a venda dos produtos fica mais difícil, pode ter estoque calhado, pode ter uma procura e alguém disposto a pagar, mas pagar mais caro.
Então é uma situação para se preocupar a população como um todo, porque a gente está falando ainda de boa parte dos produtos que entram no país. E nisso começa a política da reciprocidade. Se um país está me taxando, eu tenho liberdade de taxar também este país.
Vamos ver o movimento da China, como já aconteceu de taxar produtos americanos ou deixar de comprar produtos americanos, a gente vai ver o Canadá também fazendo a mesma coisa, o México iria fazer, mas conseguiu achar um acordo com o Trump e por enquanto está suspensa a taxação do México. O do Canadá por enquanto está muito tênue, houve um acordo, mas esse acordo não foi tão seguro quanto é o do México, que permitiu já deixar bem claro que vai segurar por vários meses.
Mas a China e os Estados Unidos, esta parecendo uma briga comercial, por outro lado, pode servir uma grande parceria, do tipo toma lá da cá ou do ganha, ganha ou do perde, perde. Com isso, talvez vamos ter as duas maiores economias do mundo sentadas na mesa e negociando, podendo vir uma nova ordem mundial e toda a periferia, a Europa e o sul global tendo que ser regidos por essas duas grandes nações. E essa, é uma situação que realmente pode acontecer, está se desenhando.
Agora, e o ponto de vista no Brasil? O Trump está de olho no Brasil, o Brasil tem um pequeno déficit com os EUA na balança comercial, mas ainda não é grande o suficiente, é só uma ponta, está entre os cinco maiores déficit, mas não é tão grande o suficiente.
A grande questão do Brasil é que é um grande exportador de alimentos, de commodities, e aí entra uma situação um pouco mais perigosa, porque a falta de comida, no caso dos produtos brasileiros que são grãos, carnes, aves em geral, leva a população a sentir um impacto direto no bolso e na barriga, então por isso que é um pouco mais difícil mexer no Brasil nesse sentido.
E outra, se taxar o produto brasileiro ficar difícil vender para os Estados Unidos, como o nosso produto é um produto que o mundo todo quer, facilmente vamos conseguir outros mercados para adquirir.
Como tudo na vida, no inicio vamos sentir o impacto, porque de um dia para o outro não vai mais vender para algum lugar, ainda vai levar dois, três dias para passar para outro, mas vai vender, porque é um produto que todo mundo quer, do café ao arroz, do feijão à carne, todo mundo vai querer esse produto.
Tem países que até hoje não fazem comércio com o Brasil, porque o Brasil simplesmente não consegue dar conta, já que a demanda da China, da União Europeia, dos Estados Unidos é grande o suficiente para não permitir que outros países entrem, mas uma vez que a gente mude o foco, a possibilidade de vender mais para a África, para o Oriente Médio, para a União Europeia, Oceania, vai se concretizar e vai ser fácil realizar.
Então essa política do protecionista dos Estados Unidos, na minha opinião, é mais maléfica para eles mesmos do que no caso para o Brasil. E no caso do Brasil tem uma questão ideológica também, então pode ser que Trump venha fazer alguma coisa, justamente, por questões ideológicas, mas vai ser de pouco impacto ou relevância no primeiro momento, para o Brasil.