GIRO NO STREAMING – Não é toda semana que a gente se depara com uma série nacional tão necessária, urgente e emocionalmente potente quanto “Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente”, que estreou no dia 31 de agosto na HBO Max.
Comecei a assistir e fui completamente fisgado logo no primeiro episódio. É o tipo de obra que te atravessa. Que fala de dor, mas também de coragem, afeto e resistência.
A série retrata a epidemia de AIDS no Brasil nos anos 1980, um período marcado por medo, desinformação e um silêncio institucional cruel, especialmente para a comunidade LGBTQIA+. E é justamente por isso que essa produção é tão poderosa: ela dá voz a histórias que por muito tempo foram apagadas ou ignoradas.
Com roteiro brilhante de Patricia Corso e Leonardo Moreira, e direção sensível de Marcelo Gomes e Carol Minêm, a trama acompanha um grupo de comissários de bordo no Rio de Janeiro, liderado por um chefe de cabine gay e soropositivo. Para muitos, só personagens. Para quem viveu ou conhece a história, são retratos reais, próximos, humanos.
Eles montam uma operação quase clandestina para contrabandear AZT, um medicamento antirretroviral que salvava vidas — mas que ainda era inacessível no Brasil da época. É bonito e desesperador ver como a solidariedade virou arma de sobrevivência, quando o Estado virava as costas.
O elenco é um show à parte: Johnny Massaro, Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer, Andrea Horta, Matheus Costa, Duda Matte, Eli Ferreira e muitos outros entregam atuações potentes, sem cair em caricaturas. Tudo muito real, muito sensível.
A série já conquistou três prêmios importantes (Melhor Série de TV, Melhor Roteiro e Prêmio do Júri Jovem) e foi aplaudida no Festival de Gramado 2025 — com toda razão.
No fim das contas, “Máscaras de Oxigênio…” não é só uma série sobre HIV/AIDS. É sobre amizade, medo, preconceito, luta e — acima de tudo — sobre não deixar ninguém para trás. Em um tempo onde a empatia era escassa, alguns escolheram resistir juntos. E essa história precisa ser contada. Precisa ser ouvida.
São apenas cinco episódios, com classificação indicativa de 18 anos. Vale cada minuto.
Se você gosta de narrativas humanas, que provocam e deixam marcas, essa é a sua próxima maratona. Prepare o coração — e os olhos.