Nos últimos anos, quem acompanha as discussões sobre diversidade sexual e de gênero percebeu que a sigla “LGBT” cresceu, incluindo mais letras como “I”, “Q”, “A” e até o símbolo “+”. Mas, afinal, qual dessas siglas está correta? Qual delas devemos usar? A resposta é: todas estão certas. Cada versão da sigla representa uma forma de incluir diferentes identidades e orientações, ampliando o espaço de representatividade para que ninguém se sinta excluído.
Em 2015, durante a última Conferência Nacional LGBT, ficou oficialmente decidido que a sigla no Brasil seria “LGBT”, com o “+” simbolizando outras identidades e orientações que não estão explicitamente representadas. Prova disso é que a maior parada do orgulho LGBTQIA+ do mundo, a Parada de São Paulo, ainda usa a sigla “LGBT+”. Esse uso não está incorreto; pelo contrário, reforça que o termo é inclusivo e, ao mesmo tempo, universal. Desde então, a versão com o “+” foi adotada especialmente para eventos e movimentos de massa, garantindo que qualquer pessoa da comunidade se sinta representada.
No entanto, durante o governo Bolsonaro, não houve convocação de novas conferências, o que impediu que a sigla fosse reavaliada para atender a demandas emergentes. Com a retomada das conferências pelo governo atual, a próxima Conferência Nacional LGBT, marcada para 2025, abrirá espaço para que grupos da comunidade discutam a necessidade de incluir mais letras na sigla, garantindo uma atualização que respeite as identidades que emergiram nos últimos anos.
Na política e em órgãos governamentais, encontramos a sigla “LGBTI”, que inclui o “I” para intersexuais, um grupo que, em 2015, buscaram a visibilidade e representatividade no momento de oficialização. Na mídia e em eventos, outras versões como “LGBTQIA+” e “LGBTQIAPN+” também surgem para dar visibilidade a outras identidades e orientações. Essas variações atendem ao desejo de inclusão, simbolizando o compromisso de não deixar ninguém de fora.
Para quem acha que o acréscimo constante de letras pode gerar confusão, é aconselhável o uso do termo “diversidade sexual e gênero”, que pode abranger todas as letras e tornar a causa mais fácil de entender e recordar. A Coordenadoria da Diversidade Sexual da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, escolheu essa abordagem, ao contrário de outras coordenadorias ao redor do Brasil que adotam siglas como “LGBTQ” ou “LGBTI” e frequentemente precisam atualizar seus nomes para acompanhar as mudanças. Assim, o uso de um termo abrangente evita a necessidade de constantes adaptações e proporciona uma visão mais ampla da causa.
Essa pluralidade de siglas também reforça a importância da representatividade desses grupos. Cada vez mais pessoas estão buscando espaço na sociedade e entendendo a relevância de serem reconhecidas. Independentemente da sigla, todas as pessoas devem ser respeitadas e acolhidas. Talvez um dia não seja mais necessário rotular ninguém. Mas, para alcançar esse ideal, a representatividade é fundamental, permitindo que essas identidades estejam presentes na sigla ou em qualquer outro espaço social. Essa visibilidade é o que, aos poucos, constrói o respeito e a aceitação, com o objetivo de que, no futuro, os rótulos possam ser apenas uma referência, não uma necessidade.
LGBTQIAPN+
Antes de discutir as siglas, é essencial entendermos seus significados. Atualmente, utiliza-se a sigla LGBTQIAPN+, que representa a diversidade de orientações sexuais, identidades e expressões de gênero. A letra L refere-se a lésbicas, mulheres que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com outras mulheres; G significa gays, homens que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com outros homens; B representa os bissexuais, pessoas que se atraem por mais de um gênero, não necessariamente ao mesmo tempo ou da mesma forma; T refere-se a pessoas transgênero, cuja identidade de gênero é diferente do sexo atribuído ao nascer; Q significa queer, um termo abrangente que inclui aqueles que desafiam normas tradicionais de gênero e sexualidade; I representa os intersexuais, pessoas que nascem com características sexuais que não se enquadram nas definições típicas de masculino ou feminino; A refere-se a assexuais, que sentem pouca ou nenhuma atração sexual, e também pode incluir aliados, pessoas que apoiam a causa LGBTQIAPN+; P refere-se a pansexuais, aqueles que se atraem por pessoas independentemente do gênero; N significa pessoas não binárias, cuja identidade de gênero não se limita exclusivamente ao masculino ou feminino; e o + representa outras identidades de gênero, orientações e expressões que não estão explicitamente mencionadas, reconhecendo a diversidade contínua. Compreender essas definições é essencial para promover inclusão, respeito e empatia em nossa sociedade.