GIRO QUISSAMÃ – Localizado em Quissamã, na Costa do Sol, o Quilombo da Machadinha passará a ser acompanhado de forma mais próxima pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que instaurou um procedimento administrativo para verificar se as políticas públicas voltadas à preservação da comunidade quilombola estão sendo efetivamente implementadas.
A iniciativa é conduzida pela 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Macaé, que pretende ouvir os representantes locais e identificar as principais demandas para valorização do patrimônio histórico e cultural da região. Entre os pontos de atenção está a preservação do jongo da Machadinha, manifestação cultural tradicional da comunidade.
Em maio deste ano, a promotoria obteve na Justiça uma sentença favorável em ação civil pública ajuizada para garantir a conservação do complexo. A decisão determinou que o município de Quissamã adotasse medidas como a restauração da Capela de Nossa Senhora do Patrocínio, das antigas senzalas, das ruínas da casa-grande e de bens móveis históricos ligados à memória local.
O Complexo da Fazenda Machadinha é tombado desde 1979 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). A propriedade, construída no século XIX, pertenceu a Manuel Carneiro da Silva e à esposa Ana do Loreto Carneiro Viana de Lima, filha do Duque de Caxias, que chegou a ser hóspede frequente no local.
Atualmente, o espaço é ocupado por descendentes de pessoas escravizadas, que mantêm vivas as tradições, histórias e a identidade cultural da comunidade.