GIRO NA MENTORIA – Tem gente que não gosta de aparecer. E tudo bem.
Prefere os bastidores, o silêncio, o trabalho que ninguém vê, mas que sustenta tudo o que o mundo aplaude. São os que organizam a cena, mas nunca se colocam nela. Os que ajudam os outros a brilhar, mas vivem com medo de acender a própria luz.
O problema é quando isso deixa de ser escolha e se torna fuga.
Quando o medo de se mostrar é maior que a vontade de se expressar. Quando se esconder vira um padrão disfarçado de “humildade” ou “timidez”. Quando a invisibilidade emocional se torna o preço pago para manter a paz, evitar críticas ou simplesmente não incomodar.
A verdade é que tem muita gente morando nos bastidores da própria vida, assistindo os dias passarem como quem vê um filme em que nunca é protagonista. E isso adoece. Porque toda alma precisa, em algum momento, ser vista.
Falo isso com conhecimento técnico — e também com vivência.
Por anos, eu mesma fiz muito sem aparecer. Me escondi atrás de títulos, certificados, do trabalho feito com excelência nos bastidores. Mas a ficha caiu quando percebi que, por trás da minha competência, havia uma mulher com medo de ser julgada. E esse medo, travava o meu crescimento. Foi só quando comecei a sustentar a minha própria voz, com verdade e coragem, que minha história virou ponte para outras pessoas se libertarem também.
Hoje, como mentora de comunicação e psicanalista, vejo isso se repetir todos os dias nos atendimentos e nas mentorias: mulheres incríveis, com talentos reais, mas que se anulam por não saberem se posicionar emocionalmente, profissionalmente ou afetivamente. Vivem em modo silencioso, quando na verdade foram feitas para ocupar espaço com propósito.
E aqui vai uma verdade que pode incomodar, mas precisa ser dita:
quem deseja ser referência, construir conexões reais, aumentar resultados e impactar mais pessoas, vai precisar aprender a se posicionar — mesmo com medo.
Se expor é desconfortável no início, mas necessário para quem quer ser lembrado, escolhido, contratado ou reconhecido. Não se trata de virar alguém que você não é, mas de ser mais você, com coragem e presença. Posicionamento não é sobre gritar, é sobre sustentar quem você é, mesmo quando o mundo não aplaude de imediato.
Você não precisa se expor o tempo todo. Não precisa mudar quem é. Mas precisa se permitir ser inteira. Porque quando a gente se anula, ninguém ganha. Nem o mundo, que deixa de conhecer a nossa verdade. Nem a gente, que vai se perdendo pelo caminho.
Talvez o seu palco seja mais discreto. Talvez a sua forma de impactar não venha com holofotes, mas com escuta. Com sensibilidade. Com gestos sutis, mas poderosos. E está tudo certo. Desde que você não use os bastidores como desculpa para não existir.
Lembre-se: você pode até escolher o silêncio, mas nunca aceite ser silenciada — nem por você mesma.
O mundo precisa do que só você sabe entregar. E isso só acontece quando você se posiciona com intenção, verdade e coragem.
Porque no fim, você não nasceu pra ser coadjuvante da sua própria história.