GIRO NA MENTORIA – Quantas vezes você já respondeu “tá tudo bem” só pra não precisar explicar que, na verdade, não estava?
Quantas vezes segurou o choro pra não parecer fraco?
Quantas vezes foi o apoio de todos, mas não teve em quem se apoiar?
Ser forte o tempo todo parece bonito… até a alma começar a cobrar a conta.
E acredite: ela cobra caro.
Fomos ensinados a associar força a controle, resistência e produtividade.
A acreditar que dar conta de tudo é o mesmo que estar bem.
Mas o que ninguém nos contou é que há uma solidão imensa escondida atrás de quem “aguenta firme”.
Porque quem é forte demais, quase sempre, não é acolhido — é admirado.
E o aplauso, por mais bonito que soe, não cura o cansaço de quem precisa apenas ser ouvido sem precisar ser herói.
A verdade é que ser forte o tempo todo não é maturidade — é defesa.
É um escudo que a gente constrói pra não sentir dor, pra não decepcionar, pra não precisar lidar com a própria vulnerabilidade.
Mas o problema é que o que a gente não sente, não some.
Fica guardado. E o que é guardado demais, adoece.
Não existe cura sem sentir.
Não existe leveza sem admitir o peso.
Não existe autenticidade onde há disfarce emocional.
A força real é outra.
Ela nasce da coragem de dizer “hoje não consigo”, “preciso de ajuda”, “tô cansado de ser o forte da história”.
É nessa hora que a humanidade se revela — e é nela que mora o poder da cura.
Quando a gente se permite ser humano, algo muda por dentro.
O corpo relaxa, o coração respira e a alma encontra espaço pra recomeçar.
E é nesse espaço de verdade que a vida volta a fluir.
Ser forte o tempo todo é um peso que ninguém foi feito pra carregar.
Então, permita-se sentir.
Permita-se descansar.
Permita-se ser.
Porque o mundo não precisa de mais gente forte —
precisa de gente inteira.
Priscilla Cruz é mentora, palestrante e psicanalista.
Acredita que o autoconhecimento é o ponto de partida para uma vida mais leve, consciente e verdadeira.
Em suas colunas, convida o leitor a transformar dor em potência e presença em propósito.