Após um ano de espera, o Gran Cine Bardot, um dos mais importantes espaços culturais da região dos Lagos e do Norte Fluminense, reabre suas portas, no dia 30 de agosto, repaginado. Depois de uma grande reforma, o cinema passa a funcionar como uma sala multiuso, trazendo uma programação diversificada, que inclui exibição de filmes, apresentação de teatro, oficinas e workshops. Um retorno que simboliza não só a volta deste importante espaço de cultura de Búzios, mas também, o início de uma nova fase, que promete integrar ainda mais a comunidade local, os turistas e visitantes com a indústria do audiovisual e as artes em geral.
Com projeto arquitetônico assinado por Pablo Benetti, o mesmo que o concebeu há 30 anos (responsável pela construção do Estação Botafogo e do Teatro Poeira, entre outros importantes espaços do Rio de Janeiro), a partir de agora, o Gran Cine Bardot deixa de ser apenas um cinema para se tornar um estúdio de formação cultural com apresentações teatrais de pequeno e médio porte (inicialmente voltadas para o público adulto) e uma programação abrangente e contínua.
“Sinto que agora o Cine Bardot passa a cumprir plenamente o seu papel, sendo ocupado diariamente com novas atividades para a população, reafirmando a nossa orientação que sempre foi de proporcionar e desenvolver cultura em Búzios”, diz Ana Paz, fundadora do cinema ao lado do marido Mario José Paz.
Com um acervo de mais de seis mil títulos, o novo programa também vai contar com um Cineclube, que oferece sessões de cinema gratuitas regulares para a comunidade, em circuitos voltados tanto para o público infantil quanto para adultos, organizados em ciclos temáticos, como mostras de diretores fundamentais e temas específicos.
Outra novidade são as Oficinas de Audiovisual, Teatro, Corpo e Literatura, todas voltadas para iniciantes. Nas oficinas de audiovisual, os alunos aprendem a filmar usando câmeras de celular, com foco em técnicas básicas como plano sequência, edição, montagem e sincronização de áudio. As oficinas de teatro se concentram em jogos de improvisação e construção de pequenas cenas, enquanto as de corpo abordam consciência corporal e presença cênica. A de literatura, por sua vez, tem enfoque em dramaturgia e roteiro. As vagas serão divididas igualmente entre estudantes da Rede Pública de Ensino (gratuitas) e o público geral (pagas), a partir de 17 anos.
Com o intuito de aprofundar ainda mais as habilidades dos participantes e dialogar com profissionais e artistas de outros lugares, a grade também inclui workshops variados, que pretendem se articular com as oficinas. “Se um período da oficina de teatro estiver focado em técnicas de interpretação do teatro norte-americano, um workshop pode, por exemplo, trazer um especialista para ampliar esse conhecimento”, explica Francisco Paz, filho de Mario e Ana, que passa a assumir a coordenação do espaço.
Já a partir de sexta, dia 30, o cinema começa a exibir sua grade normal de filmes, trazendo para a população de Búzios o que há de melhor no circuito brasileiro de cinema, incluindo obras nacionais e internacionais, adultas e infantis (com versões dubladas e legendadas). “O Cine Bardot continua sendo um cinema de arte, priorizando a qualidade artística e cinematográfica, ao invés do retorno comercial da sala. Mas, ele também amplia a sua programação no sentido de trazer filmes blockbusters, por exemplo, além de sessões dubladas para atender um público que não está acostumado a ver cinema com legendas”, explica Francisco.
Além das atividades já mencionadas, há planos de trazer música, stand-up comedy e outras artes performáticas, transformando o espaço em um catalisador de artistas, estudantes e amantes das artes.
“Queremos trazer para Búzios uma programação de qualidade que estimule a interiorização da cultura. Não podemos seguir nesse êxodo cultural que o Brasil vive desde sempre, em que os jovens precisam sair de onde moram para se desenvolver artística e culturalmente, ou que um morador precise se deslocar e viajar até a capital para ter acesso a algum bem cultural. Devemos levar para o interior não só a possibilidade de formação como também de fruição das artes, para que todos tenham uma oferta similar a dos grandes centros”, diz Francisco.