Ele vestia a sua melhor roupa
E não era pouca a sua alegria
Durante o dia era somente espera,
Uma mera loucura, todavia.
Perfumado seguia para a praça
E, com graça, ele portava a sua flor,
O seu amor transpirava a sua fé
Que era até, simples sonho de um sonhador.
Antes, andava por aí tão triste
E ainda existe aquele que caçoa,
Porque destoa do que em nele resiste,
A pureza em riste de fonte boa.
Por onde passava ele era zoado,
Abobado, tonto, Joãozinho cuité,
João Ralé, dos ricos e estudados,
Peitos estufados e almas de “mané”.
As meninas davam-lhe fantasias,
Efêmeras alegrias e atenções,
Frações de interesses fúteis, vazias,
Frias miopias de suas emoções.
Mas agora João tem namorada
Iluminada, cútis clara e bela
Donzela por todos tão cobiçada,
Tão agraciada e de luz singela.
Inspirou-lhe a paixão forte e sincera,
Que reverbera versos de um poema,
Amor de cinema e o sal que tempera,
O bom da vida em preciosa gema.
Joãozinho Bobo não é mais sozinho,
Passarinho que canta pela rua,
O novo amor resgatou seu caminho,
Pois tornou-se namorado da Lua.
Mauro Profetta