GIRO CAMPOS – Após 15 dias de paralisação, os petroleiros do Norte Fluminense decidiram suspender a greve iniciada no último dia 15, após a aprovação do acordo coletivo proposto pela Petrobras. A decisão foi tomada durante uma assembleia histórica realizada no Teatro Municipal Trianon, em Campos dos Goytacazes, que reuniu cerca de 500 trabalhadores, a maior mobilização da categoria neste ano.
O indicativo do Sindipetro-NF pelo encerramento do movimento e pela aceitação da mais recente contraproposta da Petrobras foi aprovado com ampla maioria: 446 votos favoráveis, 43 contrários e seis abstenções. A categoria também decidiu manter o Estado de Assembleia Permanente e o Estado de Greve, como forma de garantir que a empresa cumpra as cartas-compromisso encaminhadas ao sindicato durante o processo de negociação.
Na mesma assembleia, os trabalhadores aprovaram o desconto assistencial ao sindicato, correspondente a 1% do salário líquido, a ser pago em três parcelas. A proposta teve 467 votos favoráveis, 14 contrários e 14 abstenções.
Para o coordenador-geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, a greve cumpriu seu papel ao reafirmar a independência política e sindical da categoria. Ele destacou que o movimento demonstrou a capacidade dos trabalhadores de se mobilizarem mesmo em um cenário político diferente. “Mostramos que somos independentes e que conseguimos apoiar a democracia sem abrir mão do direito de fazer greve quando entendemos que a proposta da empresa não é suficiente”, afirmou.
Durante a assembleia, a categoria acompanhou uma apresentação do economista do Dieese, Cloviomar Cararine, que detalhou as conquistas obtidas na campanha reivindicatória. Segundo ele, a contraproposta da Petrobras incorporou 83 alterações, entre mudanças redacionais e novos benefícios, resultado direto da mobilização dos trabalhadores ao longo do movimento grevista.
O assessor jurídico do Sindipetro-NF, Normando Rodrigues, fez um histórico das lutas jurídicas da categoria e alertou para os riscos de um eventual dissídio coletivo. De acordo com o advogado, negociações mediadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) costumam ser desfavoráveis aos trabalhadores e podem comprometer a manutenção de cláusulas históricas dos acordos coletivos.
A greve petroleira de 2025 entra para a história como uma das maiores já realizadas pela categoria. No Norte Fluminense, o movimento durou 15 dias, sendo esta a última base representada por sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP) a suspender a paralisação. Já no segundo dia de greve, 100% das plataformas operadas pela Petrobras na Bacia de Campos haviam aderido ao movimento.
Durante todo o período da greve, centenas de trabalhadores se concentraram diariamente nas sedes do Sindipetro-NF em Campos dos Goytacazes e Macaé. As mobilizações incluíram atividades de diálogo e convencimento nas bases operacionais, no Heliporto do Farol e no Aeroporto de Macaé, além de atos em unidades como Cabiúnas, Imbetiba e o Parque de Tubos.
Com o encerramento do movimento, a categoria segue mobilizada e em estado de alerta para acompanhar o cumprimento integral do acordo firmado com a Petrobras.






