GRIO ENTREVISTA – Chegou a vez dela, de falarmos dessa cidade que possui praias que surpreendem quem conhece e é reconhecida como a Capital do Jazz & Blues. Rio das Ostras vem se consolidando como um dos destinos mais procurados da Costa do Sol (antiga Região dos Lagos), na alta temporada. O município que é palco de importantes eventos culturais e possui uma vocação natural para o turismo, atrai visitantes de diversas partes do país.
À frente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Rio das Ostras está o empresário Rodrigo Peleteiro, que conversa com o Portal GIRO Costa do Sol sobre os desafios e planos para o setor. Formado em Propaganda e Marketing, Rodrigo atuou por mais de 20 anos nos ramos de entretenimento noturno e gastronomia — áreas diretamente ligadas à vocação turística da cidade.
Além da experiência no setor privado, já esteve à frente de importantes instituições como o Convention & Visitors Bureau, o Núcleo Gourmet e o Conselho Municipal de Turismo, do qual é atualmente presidente. Agora como secretário, Rodrigo conta nesse bate-papo, que busca promover o crescimento econômico do município de forma estratégica, aproximando o poder público da iniciativa privada e fortalecendo o turismo como motor de desenvolvimento.
GIRO Costa do Sol – Rio das Ostras possui dezenas de praias, uma mais bonita que a outra. Quais ações a secretaria de Turismo está implementando para valorizar essa diversidade e atrair visitantes de qualidade para esses paraísos naturais?
Rodrigo Peleteiro: Neste momento, nosso foco está na reorganização e na valorização dos espaços naturais. Queremos que tanto os moradores quanto os visitantes percebam uma cidade com praias mais limpas, organizadas e com o meio ambiente preservado. Esse é o ponto de partida fundamental para manter e aumentar o fluxo de visitantes em Rio das Ostras.
Hoje, muito do nosso turismo é impulsionado por imagens — fotos, vídeos, redes sociais. Sabemos que o turista busca, além da beleza natural, um ambiente acolhedor, limpo e estruturado. Nosso papel é oferecer isso: uma cidade que o receba bem, com praias bem cuidadas e um ambiente seguro e convidativo.
Estamos, juntamente com a atual gestão, trabalhando para que a cidade esteja cada vez mais segura e organizada, criando um ambiente propício ao turismo de qualidade.
GIRO – Uma das praias que mais gera curiosidade em Rio das Ostras, tanto em moradores quanto em turistas, é Itapebussus. Existem projetos ou ações desenvolvidos pela secretaria de Turismo para preservar e valorizar esse patrimônio natural?
Rodrigo: A região que vai da Praia de Itapebussus até Mar do Norte, chegando à divisa com Macaé, nas Pedrinhas — que também é uma praia pertencente a Rio das Ostras — possui uma natureza exuberante justamente por ser uma área mais isolada. Estamos estudando formas de melhorar o acesso a esses pontos, mas sempre em sintonia com a preservação ambiental.
Existem áreas ali já reconhecidas como de proteção ambiental, riquíssimas em beleza e potencial turístico. Temos discutido a implantação de produtos turísticos sustentáveis, como passeios de barco, caminhadas guiadas e rotas ecológicas. Trata-se de um ativo turístico valioso que precisa ser explorado com responsabilidade.
GIRO – Apesar do grande potencial turístico, Rio das Ostras ainda concentra quase todas as ações na região de Costa Azul. Existem projetos para descentralizar o turismo e valorizar outras áreas, como o centro e bairros menos explorados?
Rodrigo: Costa Azul cresceu muito nos últimos anos, especialmente por conta dos grandes eventos que ali foram realizados, sejam eles pagos ou gratuitos. No entanto, hoje já há um entendimento na gestão de que a realização desses eventos de grande porte precisa ser revista, pois a região também é residencial.
Desde o início do ano, estamos promovendo a descentralização das atividades culturais e turísticas. O Carnaval foi uma dessas experiências: tiramos o foco do camping e levamos a festa para diferentes pontos da cidade, como a orla, o Centro e a Lagoa do Iriry — e os resultados foram positivos.
Realizamos também eventos em locais inéditos, como na Praia do Abricó, que foi um sucesso. A retomada da tradicional Festa do Feijão, em Cantagalo, é outro exemplo de como estamos valorizando as raízes locais. E outras regiões que tem potencial para grandes eventos a céu aberto, como próximo ao bairro Village e Mariléa.
No Centro, temos projetos voltados à requalificação de ruas e à ocupação cultural de espaços como a Feira do Artesão de Rio das Ostras (MICA) e a Feira do Mariléa. A palavra de ordem é “pulverização”, levando cultura e desenvolvimento a todas as regiões da cidade.
GIRO – Com tanta beleza natural as praias continuam sendo o principal atrativo da cidade. No entanto, ainda enfrentam problemas como a falta de conscientização por parte de alguns turistas/moradores e quiosqueiros, com som alto, especialmente na alta temporada. Há alguma ação da Secretaria de Turismo, em parceria com outros órgãos, para melhorar esse cenário e garantir uma experiência mais organizada e sustentável nas praias?
Rodrigo: Nosso papel enquanto poder público é atuar com diálogo e conscientização. Estamos constantemente em contato com os comerciantes e trabalhadores da cadeia turística para orientar sobre boas práticas, buscando também soluções alternativas de renda e uso consciente dos espaços.
Contamos com uma coordenadoria de fiscalização atuante, em parceria com a Secretaria de Turismo, e estamos atentos aos problemas que surgem, principalmente na alta temporada. É importante ressaltar que atitudes negativas que se tornam recorrentes podem, sim, estar sujeitas a punições. Mas o foco principal é sempre o diálogo e a construção coletiva de soluções sustentáveis.
GIRO – Rio das Ostras é reconhecida nacionalmente como a Capital do Jazz e Blues. Existem ações em andamento para transformar essa marca em um atrativo turístico permanente, com atividades durante todo o ano?
Rodrigo: Sim, e esse é um desejo antigo da cidade. A marca “Rio das Ostras – Cidade Jazz & Blues” precisa ser mais do que um título; ela precisa estar presente na programação cultural ao longo do ano.
É com esse objetivo que estamos trabalhando na retomada do Rio das Ostras Instrumental, que volta agora no segundo semestre, com uma programação contínua de agosto a dezembro. A ideia é justamente essa: criar oportunidades para que o público possa vivenciar o jazz e o blues com mais frequência, fortalecendo esse posicionamento cultural e turístico.
GIRO – A Praia do Centro e seu entorno é uma das áreas mais movimentadas da cidade, por possuir mar de águas calmas e muitos bares, mas também uma das mais tumultuadas. Há um projeto concreto da secretaria para requalificar a Praia do Centro, tanto em termos de estrutura quanto de atratividade turística?
Rodrigo: Sim, essa é uma das nossas maiores preocupações — inclusive para mim, pessoalmente, já que sou comerciante oriundo do Centro e conheço bem a realidade dali. O prefeito também tem ciência da urgência e estamos trabalhando, inclusive com apoio da Associação de Arquitetos e Engenheiros de Rio das Ostras, em projetos para requalificação dos espaços públicos da região central.
Mas antes de tudo, é necessário começar pelo básico: segurança. Já estamos avançando com a implantação do Programa Segurança Presente e com a instalação de sistemas de monitoramento por câmeras.
Além disso, há ações voltadas à fiscalização, limpeza e reorganização dos espaços. E, por fim, trabalhamos para levar atividades culturais para ocupar essa área. Somente com ordenamento, segurança e cultura será possível revitalizar de verdade o Centro.
GIRO – Quais são os desafios enfrentados para ampliar o circuito turístico além das praias e fortalecer outros atrativos históricos ou culturais?
Rodrigo: Rio das Ostras é muito mais do que sol e mar. A cidade tem uma grande diversidade de atrativos culturais e naturais ainda pouco explorados. Por isso, estamos realizando um inventário completo desses equipamentos turísticos — tanto naturais quanto culturais — para mapear e potencializar essas riquezas.
Temos muitos artistas talentosos na cidade, uma produção cultural relevante, e é papel do poder público incentivar o surgimento de novos palcos, eventos e produtos turísticos. Mas, para isso, é fundamental garantir o básico: limpeza, segurança, infraestrutura funcionando e cidade organizada.
Temos atrativos desde Mar do Norte até a divisa com Barra de São João, com grande potencial para serem desenvolvidos por quem atua no setor turístico.
GIRO – De que forma a população local é envolvida no desenvolvimento do turismo no município? Existem políticas públicas ou programas de capacitação voltados para preparar os moradores para esse mercado?
Rodrigo: Essa é uma excelente pergunta, porque um dos maiores desafios que enfrentamos — e isso vale para o município, o estado e até o país — é a qualificação de mão de obra.
Rio das Ostras está entrando em um novo ciclo de crescimento com a retomada da indústria de petróleo e gás. Há contratos milionários em andamento e empresas já instaladas na nossa ZEM (Zona Especial de Negócios). No entanto, muitas dessas empresas enfrentam dificuldades para contratar mão de obra qualificada localmente.
Por isso, estamos trabalhando com diversos parceiros — como o Sebrae, Firjan, Fecomércio e o setor privado — para criar programas de capacitação profissional. Qualificação é a chave para transformar a realidade econômica da cidade nos próximos anos e garantir que os moradores estejam preparados para as novas oportunidades.
GIRO – O que os turistas podem esperar ao visitar Rio das Ostras nos próximos meses? Há novidades na programação ou na estrutura da cidade?
Rodrigo Peleteiro: Os turistas vão encontrar uma cidade mais segura, mais organizada e com uma programação cultural planejada com antecedência. Tivemos, neste primeiro ano de gestão, desafios burocráticos para estruturar o calendário de eventos, mas já estamos trabalhando com foco em 2026.
Eventos tradicionais continuarão e serão aprimorados. Um exemplo é o Carnaval, que em 2025 já foi considerado um dos melhores dos últimos anos — e para 2026 a expectativa é ainda maior. Nossa meta é que o visitante encontre uma cidade preparada para recebê-lo, e que saia daqui com uma ótima experiência. Nosso objetivo é garantir que a cidade esteja funcionando bem em todas as suas frentes: limpeza, segurança, fiscalização, preservação ambiental e infraestrutura urbana. A ideia é que o turista e sua família encontrem um ambiente agradável e bem cuidado — e saiam daqui com vontade de voltar.