GIRO NO STREAMING – O Dezembro Vermelho é marcado no Brasil como um mês de conscientização e prevenção ao HIV/Aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Criada em 2017, a campanha reforça a importância do uso de preservativos, da testagem regular, do acesso ao tratamento e, sobretudo, do combate ao estigma, ainda tão presente. A cor vermelha simboliza essa luta que atravessa décadas e exige informação, acolhimento e humanidade.
Neste contexto, a Globoplay lançou uma obra que chega em momento oportuno. Produzido pela Conspiração, com direção de Patrícia Guimarães, roteiro de Victor Nascimento e supervisão de Carolina Albuquerque, o documentário CAZUZA – ALÉM DA MÚSICA revisita a trajetória de um dos maiores poetas da música brasileira, trazendo à tona sua verdade, sua vulnerabilidade e seu pioneirismo ao assumir publicamente o diagnóstico de Aids em uma época de forte preconceito.
Dividido em quatro episódios, o documentário revela camadas profundas de Cazuza antes e depois da descoberta do HIV. Amigos, familiares, ex-companheiros e o próprio artista, por meio de depoimentos raros ajudam a compor um retrato sensível e potente. Para quem ama boa música ou admira a genialidade de Cazuza, a série é mais que uma homenagem: é um registro essencial da nossa história cultural.
A narrativa nos leva do “menino Agenor”, que encontrou no palco sua liberdade e sua poesia, à ascensão meteórica no Barão Vermelho e, depois, à explosiva carreira solo de Exagerado. Mas também nos conduz aos seus últimos cinco anos de vida (1985–1990), período marcado pela convivência com a doença, pela repercussão na mídia e pela coragem, quase inédita no país de assumir publicamente o vírus. Um gesto que, além de político, foi um ato de cidadania e amor ao Brasil.
Um dos pontos altos da produção é o diário íntimo de Cazuza, lido por artistas que dão nova vida às palavras do poeta.
E quando me perguntam o que mais impressiona na forma como ele enfrentou a doença, a resposta se resume a duas palavras: verdade e vontade. Verdade nas falas, nas letras, na forma como enxergava o mundo. Vontade nos atos, nas obras, na intensidade com que viveu cada segundo.
Como diz Denise Dumont, ex-namorada do cantor, em um dos depoimentos mais marcantes da série:
“Ele foi imenso. Ele é imenso.”






