GIRO NA DIVERSIDADE – A chegada dos 30 anos é vista por muitos como um marco: a fase em que “já deveríamos ter tudo resolvido”. Emprego estável, casa própria, relacionamentos maduros, filhos a caminho. Mas, na prática, a realidade está longe disso — e essa distância entre expectativa e vida real pode afetar profundamente a saúde mental de quem está entrando na terceira década de vida.
“A crise dos 30” virou expressão popular, mas seu impacto emocional é sério. Ansiedade, comparação com os outros, sensação de fracasso e até depressão são alguns dos sintomas que podem surgir nesse período. Em uma sociedade que insiste em impor prazos invisíveis, pessoas se cobram por não estarem no “lugar certo” na idade certa.
Fernando Bertozzi, escritor e professor, compartilha sua experiência com a crise dos 30:
“A minha chegou antes — com 28 já tava naquela nóia, achando que precisava dar conta de tudo. Hoje, completando 30, me sinto mais tranquilo. Aprendi que os 30 não são o fim. Cada pessoa tem o seu tempo, e a gente precisa parar de achar que tem que seguir um padrão. Isso só gera ansiedade e frustração.”
A fala de Bertozzi reflete um movimento crescente entre jovens adultos que estão ressignificando o que significa fazer 30 anos. Em vez de cobrança, entra o autoconhecimento. Em vez de metas engessadas, entra a valorização do caminho único de cada um.
A boa notícia é que, com o tempo, a maioria das pessoas começa a se libertar dessas pressões. Os 30 podem marcar, sim, uma nova fase — mas uma fase de mais consciência, mais autonomia e, principalmente, mais paz com quem se é. Afinal, envelhecer não é perder tempo. É ganhar clareza.