Na última quarta-feira (30), o Ministério Público Federal (MPF) realizou uma audiência pública em Armação dos Búzios, com o objetivo de debater a regulamentação das atividades de cruzeiros marítimos na cidade. O foco central da discussão foi a proposta de substituição das âncoras tradicionais por boias de ancoragem, uma medida sugerida pelo MP há alguns anos para mitigar os impactos ambientais no ecossistema marinho local, especialmente nos recifes de corais.
O encontro contou com a presença de diversos representantes, incluindo a secretaria Municipal do Ambiente e Urbanismo, a Marinha do Brasil, o Ibama, a Capitania dos Portos, além de ambientalistas, pescadores, trabalhadores locais e empresários. A principal pauta foi encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico gerado pelo turismo e a preservação ambiental da região.
A juíza Mônica Lúcia do Nascimento de Alcântara Botelho, que participou da audiência, destacou a complexidade do tema. “Queremos conciliar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, tentando ser imparcial e democrática”, afirmou.
O secretário municipal do Ambiente e Urbanismo, Evanildo Nascimento, considerou a audiência como um marco para a cidade. “Não somos contra a atividade, entendemos que economicamente é importante para cidade. Vamos entrar na discussão como órgão licenciador junto com outros órgãos para que possamos trazer estudos atualizados e realizar a comparação com aqueles realizados no passado. Desta forma, poderemos ter base para avaliar a atividade, desde que se mostre segura para moradores, pescadores e turistas”, disse.
Em sua fala, o Ministério Público esclareceu que o objetivo não é proibir a escala de navios em Búzios, mas estabelecer regras mínimas e regulatórias para a atividade portuária. A proposta inclui limitar o número de cruzeiros e adotar métodos alternativos de fundeio para reduzir os danos ao fundo marinho.
Durante a audiência, empresários locais manifestaram apoio à continuidade dos cruzeiros, destacando a relevância da atividade para a economia de Búzios, que beneficia o comércio e gera empregos. Por outro lado, ambientalistas expressaram preocupação com os danos aos corais e ao ecossistema marinho, defendendo a adoção de soluções mais sustentáveis.
Apesar das divergências, o tom do encontro foi de busca por um entendimento comum. A proposta do MPF é viabilizar estudos técnicos sobre os impactos ambientais e, a partir disso, formular novas diretrizes para a navegação turística em Búzios, com foco em práticas mais responsáveis e sustentáveis.