A campanha Agosto Lilás, promovida pela Comissão de Direitos Humanos, tem como objetivo ampliar a divulgação da Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006, e fortalecer o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.
Entretanto, para além da data simbólica, é preciso fazer um recorte necessário e urgente: as mulheres negras continuam sendo as maiores vítimas. Dados apontam que 64% delas já sofreram algum tipo de violência doméstica. Esse número evidencia uma combinação cruel entre o racismo estrutural e a cultura machista ainda profundamente enraizada em nossa sociedade.
É preciso questionar se, de fato, a cultura da escravidão ficou no passado. A resposta, infelizmente, se encontra nas inúmeras formas de violação que essas mulheres ainda enfrentam diariamente: violência física, psicológica, financeira, chantagem emocional, silenciamento e abandono.
A origem desse problema é social, estrutural e cultural. O machismo começa em casa, se mantém nas escolas, se reproduz nos meios de comunicação e se fortalece em uma educação que não promove equidade. Por isso, romper esse ciclo exige mais do que indignação: é preciso ação concreta, vigilância constante e políticas públicas comprometidas com a proteção e a valorização da vida das mulheres negras.
A violência contra a mulher não é um problema individual – é uma questão coletiva. Envolve todos nós. E o silêncio, muitas vezes cúmplice, só contribui para a perpetuação desse cenário.
É necessário que a sociedade esteja atenta, que ouça, acolha, denuncie e eduque. O combate à violência não pode ser sazonal. Agosto Lilás é um marco, mas a luta é diária.