Vivemos tempos em que falar de desenvolvimento passa, quase sempre, por indicadores econômicos, urbanismo, turismo e crescimento populacional. Mas há um outro tipo de desenvolvimento — invisível, silencioso, mas profundamente transformador — que começa dentro de cada pessoa e reverbera por toda a cidade: o desenvolvimento emocional.
Como mentora, psicanalista e palestrante, tenho percebido que muitas das crises sociais, conflitos de vizinhança, violências simbólicas e até dificuldades de empreender em rede têm um ponto em comum: a falta de escuta. E, antes dela, a falta de escuta interna.
Uma cidade emocionalmente saudável começa com pessoas que se conhecem, que se reconhecem e que sabem escutar — a si mesmas e aos outros.
A cidade como extensão do nosso mundo interno
Na psicanálise, entendemos que tudo aquilo que não é elaborado, é repetido. O que calamos dentro, grita fora. O que não olhamos, se manifesta em sintomas — pessoais e coletivos.
Cidades desorganizadas, tensas e reativas são, muitas vezes, espelhos de um adoecimento emocional coletivo. Falta empatia no trânsito, nas escolas, nas praças, nos gabinetes e nos balcões de atendimento. Falta a coragem de ouvir sem rebater. De enxergar o outro sem julgá-lo a partir das nossas dores.
Por isso, falar de autoconhecimento e escuta ativa não é papo de autoajuda — é falar de política pública emocional. É propor uma revolução silenciosa, que começa em cada morador, em cada comerciante, em cada professor, gari, empreendedor, vereador, policial, mãe ou jovem da periferia.
Escuta ativa e diálogo real: os pilares de uma cidade que evolui
Quantas vezes você já foi ouvido de verdade? Sem pressa. Sem julgamento. Sem celular na mão.
A escuta ativa é um dos maiores exercícios de amor e presença que podemos oferecer. E é ela que transforma reuniões em parcerias, conflitos em acordos, silêncio em pertencimento.
Quando falo com empresários, empreendedores e líderes da região, percebo que os que prosperam com propósito são aqueles que aprenderam a ouvir — seus colaboradores, seus clientes, sua comunidade. O mesmo vale para famílias, professores, terapeutas e agentes públicos.
Liderar, empreender e viver bem é, antes de tudo, aprender a escutar.
Cidades com alma: espaços de cura e transformação
Maricá, Saquarema, Araruama, Búzios, Cabo Frio, Rio das Ostras, Macaé… cada uma dessas cidades tem suas belezas naturais, sua história, seu povo. Mas o que será que nossas cidades ainda estão esperando de nós?
Talvez estejam esperando mais humanidade.
•Que a escola ouça mais do que apenas ensine.
•Que o comércio local converse mais do que apenas venda.
•Que o empreendedor social seja visto com o mesmo respeito que um executivo.
•Que a cultura e o cuidado com a saúde mental sejam políticas reais, não pautas secundárias.
Cidades que curam são feitas de pessoas que se cuidam. De comunidades que conversam. De cidadãos que aprendem a colocar palavras onde antes havia apenas dor.
É tempo de cuidar. É tempo de escutar. É tempo de curar.
A pergunta que deixo é: como posso contribuir, hoje, para tornar minha cidade emocionalmente mais saudável?
Essa resposta começa em pequenos gestos:
•Dizer bom dia com presença.
•Ouvir seu filho sem corrigir imediatamente.
•Ligar para alguém que sumiu.
•Reduzir a agressividade no trânsito.
•Criar espaços de conversa na empresa ou na escola.
•Buscar ajuda profissional quando for necessário.
Não existe cidade sustentável sem pessoas sustentáveis. Não existe desenvolvimento coletivo sem saúde emocional individual.
Que a nossa Costa do Sol seja também uma costa de cura, empatia e reconstrução.
E se você sente que pode transformar mais pessoas com sua mensagem, com seu negócio ou com sua liderança, saiba que não está só. Essa jornada pode (e deve) ser feita em rede.
Priscilla Cruz é Palestrante, Mentora e Psicanalista
WhatsApp: (21) 99759-2438
Instagram e LinkedIn: @priscillacruzoficial
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