Para responder a essa questão, é necessário, antes, refletir sobre a existência de uma beleza objetiva.
Para os gregos antigos, a beleza estava fortemente ligada a um senso estético de simetria e equilíbrio, frequentemente representados na arquitetura e nas esculturas. O modelo mais perfeito de beleza era o kalokagathia, que combinava o belo (kalos) e o bom (agathos), associando a estética à virtude moral e considerando-a uma qualidade que transcendia o plano físico.
Por séculos, esse conceito de beleza foi aplicado nas artes plásticas e na arquitetura de forma habitual. Contudo, no mundo moderno, o utilitarismo foi gradualmente obliterando os ornamentos, e a revolução cultural tentou introduzir um novo conceito de arte e beleza, no qual tudo deveria ser arte e tudo o que existe seria considerado belo.
Em 1917, Marcel Duchamp, ao apresentar um urinol como obra de arte, pretendia romper definitivamente com a necessidade da presença estética em uma obra. Esse gesto marcou um divisor de águas na arte moderna, estabelecendo conceitos que ainda são replicados até os dias de hoje.
Mas será que, ao considerarmos realmente que tudo é belo e que tudo é arte, não estaríamos entrando em contradição? Afinal, se tudo é belo, a beleza deixaria de ser perceptível. Se tudo é arte, absolutamente nada é arte. E, se a beleza não importa, por que um pôr do sol me faz tão bem?