Nos últimos anos, a adoção de métodos preventivos ao HIV, como a PrEP e a PEP, tem se tornado cada vez mais popular entre homens gays e bissexuais. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) são estratégias seguras que ajudam a evitar a infecção pelo HIV e, embora sejam complementares, funcionam de maneiras diferentes.
A PEP é um tratamento emergencial que precisa ser iniciado até 72 horas após uma possível exposição ao HIV, como no caso de sexo sem camisinha ou rompimento do preservativo. O tratamento dura 28 dias e pode ser obtido em unidades de saúde e hospitais, que oferecem também o acompanhamento médico necessário.
Para quem se expõe ao HIV regularmente, a PrEP é uma opção preventiva que pode ser usada de duas formas. No uso diário, a pessoa toma um comprimido por dia para estar constantemente protegida. Já a PrEP sob demanda, indicada para quem tem uma frequência menor de exposição, exige que sejam tomados dois comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, e um comprimido a cada 24 horas até completar 48 horas após a última relação. Ambos os métodos são eficazes contra o HIV e estão disponíveis gratuitamente pelo SUS, após consulta e exames que garantem a segurança do tratamento. Outra opção é fazer a consulta em clínicas particulares, onde também é possível obter a prescrição.
A PrEP e a PEP não substituem o uso de preservativos, que continua essencial, pois essas profilaxias previnem apenas o HIV e não oferecem proteção contra outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como sífilis e gonorreia. Os médicos ressaltam a importância de um acompanhamento regular após o uso da PEP para garantir a eficácia e reforçar o autocuidado a longo prazo. Isso cria uma cultura de prevenção e de responsabilidade com a saúde, que tem sido cada vez mais abraçada pela comunidade gay.
A infectologista Ingrid Chagas explica a importância da prevenção. “A estratégia de prevenção da PrEP, na verdade, se mostrou eficaz e segura em pessoas com risco aumentado de adquirir a infecção do HIV, trazendo mais benefícios do que possíveis riscos à saúde. A disponibilidade gratuita da PrEP e da PEP pelo SUS é crucial para reduzir tanto o estigma quanto o risco de infecção, sendo vital ampliar o acesso a esses serviços para garantir o direito à saúde de qualidade para essa população.”
Segundo o Ministério da Saúde, atualmente 104 mil pessoas fazem uso da PrEP pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O crescente uso da PrEP e da PEP representa um avanço importante na saúde sexual da comunidade gay, especialmente ao proporcionar mais segurança para casais sorodiferentes — quando um parceiro é HIV-positivo e o outro não. A PrEP oferece uma camada extra de proteção para esses casais, ajudando a reduzir o estigma em torno do HIV e promovendo mais aceitação e compreensão. Hoje, pessoas que vivem com HIV e mantêm o tratamento adequado conseguem atingir a condição de indetectável, o que significa que não transmitem o vírus. Embora a PrEP nem sempre seja necessária nesses casos, ela aumenta a confiança e fortalece a segurança nas relações, contribuindo para um ambiente de respeito e menos preconceito em relação ao HIV.
Na imagem: Ingrid Chagas, médica infectologista